Domingo dia 21/08 vai ocorrer o III FÓRUM SOCIAL REGIONAL, que irá contar com a presença de ilustres professores e pesquisadores, dentre eles o Frade Dominicano, escritor e grande amigo de Fidel Castro (o currículo dele vai muito além disso) Frei Betto. Logo abaixo está um pequeno texto para quem ainda não conhece o trabalho dele, e uma entrevista que o vereador Murilo me enviou.
Eu irei participar do fórum e tentarei fazer uma breve entrevista também para publicar aqui.
Um fraterno abraço, e participem!
Frei Betto (Carlos Alberto Libânio Christo)
Escritor e Frade Dominicano, adepto da Teologia da Libertação, é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, entre 2003 e 2004. Foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. Além de amigo pessoal de Luís Inácio Lula da Silva e de Leonardo Boff, é padrinho da filha de Chico Buarque e do filho do deputado Vicentinho ex-presidente da CUT.
Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir 4 anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para 2 anos. Sua experiência na prisão está relatada no livro Batismo de Sangue, traduzido na França e na Itália.
Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos socialistas, em especial Cuba, nas relações Igreja Católica-Estado.
Prêmios:
· Prêmio Juca Pato, 1985, com "Batismo de Sangue".
· Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, duas vezes: em 1982, pelo mesmo "Batismo de Sangue" e 2005, com "Típicos Tipos – perfis literários".
· Intelectual do Ano, título dado pela União Brasileira de Escritores em 1986, por seu livro "Fidel e a Religião".
· Prêmio de Direitos Humanos da Fundação Bruno Kreisky, em Viena, em 1987.
· Melhor Obra Infanto-Juvenil, da Associação Paulista de Críticos de Arte, por seu livro "A noite em que Jesus nasceu", em 1988.
· Troféu Sucesso Mineiro, em 1996, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
· Prêmio Paolo E. Borsellino, na Itália, por seu trabalho em prol dos direitos humanos. Foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio, concedido em maio de 1998.
· Prêmio CREA/RJ de Meio Ambiente, em 1998, do CREA/RJ.
· Medalha Chico Mendes de Resistência, concedida pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro em 1998.
· Troféu Paulo Freire de Compromisso Social em 2000.
· Medalha da Solidariedade do governo cubano, em 2000.
· Uma das 13 Personalidades Cidadania 2005, numa iniciativa da UNESCO, Associação Brasileira de Imprensa e jornal Folha Dirigida.
· Medalha do Mérito Dom Helder Câmara do Instituto Cidadão, pelos serviços prestados na preservação e fiscalização da gestão pública moral e legal, em 2006.
· Título de Cidadão Honorário de Brasília, em 2007, concedido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Fonte : Wikipédia
Entrevista:
1 - Todos os dias as primeiras páginas dos jornais trazem notícias sobre a “crise financeira” mundial, relatando aumento ou diminuição do PIB, variações nas taxas de desemprego e no valor das ações. Mas quais as verdadeiras causas dessa crise?
FB: Acredito que são duas as causas: primeiro, após o 11 de setembro, a queda das Torres Gêmeas, os árabes retiraram suas fortunas dos EUA, deixando muitos bancos em dificuldade. Consta que teriam retirado cerca de 3 trilhões de dólares! A segunda foi a bolha especulativa, ou seja, se emprestou mais dinheiro do que a capacidade de os devedores arcarem com o pagamento.
2 - Trata-se de algo passageiro ou atinge a própria estrutura do sistema econômico?
FB: As crises do capitalismo, como previu Marx, são cíclicas, porém crônicas para a maioria da população mundial, pois de 6,5 bilhões de pessoas hoje, 2/3 estão fora do mercado, o que significa que, para 4 bilhões de pessoas, o capitalismo fracassou.
3 - O que a questão ecológica traz de novo para essa discussão?
FB: Põe fim à ideia cartesiana de separação entre o ser humano e a natureza e demonstra que tudo que fazemos à Terra provoca nela uma reação que nos afeta. Há uma perfeita interação entre ser humano e natureza. De tal modo estupramos Gaia que, hoje, 25% de sua capacidade autorregenerativa estão perdidas. Só mesmo com intervenção humana para ajudá-la a se recuperar.
4- Outra crise em discussão no momento é a do Congresso Nacional. Como o senhor, que participou ativamente das lutas pela democratização do Brasil, analisa a atual crise das instituições democráticas?
FB: O Brasil nunca passou por reformas de estruturas. O governo Lula foi eleito para realizá-las, mas não o fez. No Brasil só haverá democracia econômica quando houver reforma agrária. Como também jamais houve reforma política, exceto quando o país passou da monarquia à república, somos todos reféns de uma oligarquia conservadora e corrupta que detém o poder, mesmo quando não ocupa cargos no governo. É o que procuro demonstrar em meus dois livros a partir de minha passagem pelo governo Lula (2003-2204): "A mosca azul - reflexão sobre o poder" e "Calendário do Poder", ambos da editora Rocco.
5 - Muitos afirmam que a globalização neoliberal é um processo inevitável, diante do qual o Estado e movimentos e instituições nacionais pouco ou nada podem fazer. O que poderiam fazer, então, lideranças e movimentos sociais que atuam nos âmbitos local e regional diante desse contexto?
FB: Prova de que muito se pode fazer é que a América Latina vive, hoje, uma primavera democrática, elegendo chefes de Estado que não rezam pela cartilha neoliberal, rechaçam a proposta da ALCA, fundam a ALBA, apoiam a reinserção de Cuba na OEA, condenam o bloqueio dos EUA a Cuba e procuram governar a favor dos mais pobres. Há, sim, luz no fim do túnel neoliberal...
6- Qual a importância do Fórum Social Mundial e dos Fóruns Sociais locais e regionais que ocorrem em todo o mundo para a construção de alternativas que possam fazer frente à exclusão e à desigualdade social?
FB: São ferramentas importantes de aglutinação, conscientização, organização e mobilização de movimentos sociais e agentes transformadores. Tais fóruns incutem em pessoas e movimentos princípios éticos e políticos de busca de uma sociedade sem opressão, desigualdade e injustiça.
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