Câmara de Jaboticabal gasta mais de R$ 44.000,00 só para vereadores beberem água

terça-feira, 14 de julho de 2009

A Câmara e o meio ambiente
Vários estudos revelam que o aquecimento global já é uma realidade. Mesmo diante deste fato amedrontador e muito polêmico, muitas pessoas não dão a menor importância para o ato de poluir um rio, uma reserva florestal, ou mesmo de separar material reciclável para a coleta seletiva.


Essa realidade já não assusta mais a maioria dos nossos moradores, e muito menos os nossos vereadores. Apesar do Brasil ser um dos países com o maior índice de reciclagem no mundo, não podemos citar nossa cidade como uma colaboradora para com o nosso país e, mesmo não justificando a nossa falta de bom senso para a causa, isso é apenas o reflexo das atitudes tomadas pelos nossos representantes, que por sinal não são bons exemplos para seguirmos.


Apesar de ser do conhecimento de poucos — e acredito que essa seja a intenção — não existe um programa de separação de lixo reciclável para a coleta seletiva na Câmara Municipal de Jaboticabal. Mesmo sabendo que a maioria das coisas utilizadas (copos plásticos, garrafas plásticas e papeis) podem e devem ser recicladas, para assim diminuir os danos ambientais causados pelo lixo, será que ninguém lá de dentro nunca pensou nisso? Nem mesmo aqueles que dizem abraçar a causa ambiental e a utilizam principalmente como ferramenta de campanha? Afinal, será que é nosso o dever de criar leis e programas ambientais para a casa de leis?


Um problema...
Existe um problema dentro de tudo isso, que ridiculariza ainda mais a posição da Câmara Municipal e é justamente esse problema que nos deixa evidente o descaso de todos os nossos representantes com o meio ambiente, e o que não é novidade também, a má aplicação do dinheiro público.

Quando entrei pela primeira vez no gabinete de um vereador em nossa cidade, o que mais me indignou foi quando perguntei aonde se encontrava o bebedouro e imediatamente fui servido com um copo plástico e uma garrafinha de água (a mais cara do mercado) estupidamente gelada. Era de se esperar, afinal ela estava junto com várias outras dentro de um frigobar (pequeno freezer), disponível para cada gabinete.


A situação me deixou constrangido e fez com que certos tipos de questionamentos fossem levantados como, por exemplo, quantas garrafinhas eles teriam direito por semana? Quanto gastaria de energia aquele frigobar? Qual o impacto daquelas garrafinhas no meio ambiente? E se o objetivo delas seriam servir a população em geral? Nesta última é lógico que a resposta foi negativa.


Os dados
A energia consumida por esses frigobares são extremamente grande, o que nos faz pensar se realmente vale a pena possuir um em cada gabinete.


Existe ainda o fato das licitações e a explicação do porque escolher a água mais cara do mercado (Prata). O que da uma diferença de mais de R$ 0,50 por garrafinha, em relação às outras marcas.


O preço da água sem gás (Prata) gira em torno de R$ 0,90 por garrafinha (a preço de custo). Já a marca da água mais em conta e que é engarrafada em nossa cidade (Jaboti) sairia pelo valor de R$ 0,40 (também a preço de custo).


Sendo assim, se multiplicasse ambos os valores por 46.080 (que é a quantidade de garrafinhas consumidas em um mandato), teríamos gasto R$ 41.472,00 com a água prata ou R$ 18.432,00 com água Jaboti (que é embalada em nossa cidade, e que conseqüentemente gera empregos na mesma). Isso resultaria numa diferença total de R$ 23.040,00 entre uma marca e outra, apenas em um mandato.


Mais um fator importante é que, mesmo a água sendo embalada, é óbvio que ainda são utilizados copos plásticos para se beber água. Estes já são ilimitados, pois são cedidos de acordo com a necessidade de cada gabinete, e que passaria tranqüilamente dos 60 mil em 4 anos, o que ocasionaria uma enorme poluição, já que não existe coleta seletiva dentro da Câmara.


A Análise
Fazendo uma análise financeira do problema que foi exposto acima poderíamos concluir que são gastos em média R$ 3.072,00 com a energia usada para gelar a água, mais R$41.472,00 em média com as garrafinhas e mais R$ 180,00 com os copos plásticos em 4 anos. Sendo assim teríamos um gasto total de aproximadamente R$ 45.000,00 durante um mandato de quatro anos ou então mais de R$ 11.000,00 por ano, só para nossos representantes terem acesso a esse luxo, como podemos ver na tabela 1.


Afinal podemos chamá-lo de luxo, pois acredito que menos de 1% da população tem acesso a frigobar e garrafinhas de água para consumo diário. Isso nos dá uma real idéia da responsabilidade dos vereadores com o nosso dinheiro pago através de impostos, e com os problemas ambientais que vivemos.


As soluções...
Serão apresentadas a seguir algumas alternativas bem simples para diminuir de maneira drástica tanto os gastos, quanto o lixo, ocasionados por esse abuso, para enfim sanar o problema.


A primeira alternativa (modelo A), seria o uso de refrigeradores elétrico equipados com galões de água mineral de 20 litros. Com isso seriam gastos R$ 9,00 por mês de água para cada gabinete (três galões), enquanto antes se gastava R$ 108,00 pela mesma quantidade de água. E com a energia do bebedouro R$ 1,55 por mês, lembrando que isso é apenas em um gabinete.


Agora pensando de maneira geral, ou melhor, se multiplicarmos tudo por 10, que seria um exagero, pois não precisamos de um galão por gabinete, eles podem muito bem caminhar até o corredor. Mas mesmo assim se quisessem um bebedouro por gabinete teríamos R$ 90,00 de água, mais R$ 15,50 de energia, totalizando R$ 105,50 mensais, já pensando em um período maior teríamos um gasto de R$1.266,00 em um ano e R$ 5.604,00 em um mandato, o que seria uma redução de gastos de R$ 39.400,00 para o plano orçamentário, quase 90%.


Esse seria um valor bem significativo, sem contar ainda que 46.080 garrafinhas deixariam de encher nossos aterros sanitários, visando assim reduzir o impacto ambiental e o problema com o lixo que estamos enfrentando. Porém essa alternativa se tornaria inviável se eles utilizassem copos plásticos descartáveis, mas então a solução seria fácil: utilizar copos de plásticos não descartáveis.


A segunda e última alternativa (modelo B), vem para nos mostrar que realmente um novo modo dos nossos representantes beberem água de ótima qualidade e bem gelada é possível sim, envolvendo pouquíssimos gastos, e poluição praticamente inexistente.


A solução baseia-se na utilização de purificadores de água, que são muito comuns hoje no mercado, e com um preço acessível a Câmara, mesmo porque seria um investimento que só traria benefícios, bem diferente do painel eletrônico adquirido por R$ 140.000,000 e que raramente funciona.


O consumo de energia para cada purificador que também refrigera a água de todos os gabinetes seria de R$ 12,23 em um mandato. Isso mesmo: R$ 12,00 em quatro anos, o que representaria uma economia de R$ 3.060,00 de energia durante um mandato. Ainda teríamos a vantagem de a água sair muito mais em conta, poderíamos considerá-la “de graça”, afinal o valor seria embutido na conta de água da câmara, e ainda não teríamos as garrafinhas sujando o nosso meio ambiente.


Realmente seria de extrema importância, economizar ao todo R$ 39.000,00 ou quem sabe ainda R$ 44.500,00 em quatro anos como podemos ver na tabela 2, pois esse dinheiro poderia ser revertido para a saúde ou a qualquer outro setor que beneficiaria toda a cidade, e não só o “bem estar” dos nossos vereadores.


Enfim, como podemos ver, basta nossos vereadores realmente quererem que conseguem ajudar a população. Não doando cestas básicas, nem colocando nome de familiares nas ruas (o que costumamos chamar de politicagem), mas sim fazendo seu verdadeiro papel, como elaborar projetos de leis realmente importantes e necessários, fiscalizar a prefeitura, e ter consideração com o dinheiro e com a dignidade do cidadão jaboticabalense que paga seus salários através de impostos.






(Matéria publicada no Jornal Fonte, e no DebateOnline)

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